“Tudo o que se quer entender carece de um mínimo de arrumação”, diz Sonia, no Manual do Herói. Tudo o que se quer entender, entender como em compreender, ir além da aparência. Por exemplo, notar a primeira impressão de algo e não subscreve-la instantaneamente.
Tudo o que se quer entender, entender como em experiência, como em ter com a vida toda na vivência da experiência da mente encarnada. Tudo o que se quer entender carece de um mínimo de arrumação.
Num certo sentido, podemos dizer que ao chegarmos por aqui as coisas, muitas delas, já estavam arrumadas. A própria educação pode vir a ser apenas isso, arrumar você numa arrumação preexistente.
Essas arrumações podem partir da experiência. Não necessariamente da sua experiência, mas da de terceiros. Mais especificamente da mente e do corpo de terceiros. Um modo de ver as religiões é como dispositivos arrumacionais, ela te arruma em relação a uma certa “realidade”.
Digamos que alguém deseje justamente entender o que se trata por “realidade”. Essa pessoa deverá partir de algum lugar. Ela sai em busca de referências. Ela amplia o conhecimento para além do senso comum. Ela descobre idealmente os próprios vieses e se acha dentro da visão.
A visão é aquilo que se começa a compreender através da experiência. Ela é normalmente oferecida por variados grupos de interesse. A lista é imensa.
Quando se pretende conhecer melhor a própria experiência parte-se de uma visão, mesmo que não se esteja consciente disso. Nessa visão, o princípio (ou diagnóstico), o meio e o fim convivem. Pelo ângulo do meio a visão diz por quais meios o fim é atingido e o fruto obtido: a recompensa.
Cabe à inteligência (e.g. vipassana; filosofia) investigar a alegação de substancialidade de cada uma dessas estruturas: 1) a visão em si mesma; 2) quem subscreve a visão; 3) o fruto prometido; 4) capacidade dos métodos.
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