Uma aspiração em benefício de relações maduras
Quero discernir minha bagagem emocional da bagagem de outras pessoas para reduzir a pressão neurótica nos relacionamentos. A educação - a arte do cultivo da ciência - é uma das formas de acionar o modo exploratório conducente ao que não devo confundir: minha identidade, incluindo sentimentos, intenções - em resumo, a realidade de minha realidade.
Essa é uma incursão frequentemente tensa, pois discernir o que é de minha responsabilidade pode me conduzir à análise (e portanto, ao questionamento) de meus modos de olhar, como crenças que tomo como naturais, imutáveis e certas. No meio do caminho, muitas vezes deparo-me com o medo e com a queda, dentre outras experiências nem sempre agradáveis.
Para saber o que é meu e responder ao que é meu, e assim aspirar diminuir e eventualmente cessar projetar inconscientemente nas pessoas o que não é responsabilidade delas, retorno à minha própria jornada, ali onde fui mais violentado e me senti sozinho e carente.
Entro em contato com o corpo da frustração e com os comportamentos de luta e fuga construídos através dele. Ouço as vozes de violações, assaltos e traumas nos mecanismos psicológicos de defesa. Coleciono as identidades machucadas, as partes que lutam entre si. Sento-me e respiro com minhas sombras. Observo as máscaras, anseios e culpas que emergem. Aproximo-me do coração do apego e da fixação.
Todas essas experiências são o eu? O que delas é de minha responsabilidade? Quanto disso projeto de modo inconsciente, violento e desleal em outras pessoas? O que é nosso? Assim, contemplo meus limites, autocentramento e capacidade de resposta diante de minhas reatividades e sentidos. Admiro a ação e a potência de liberdade na experiência de confusão e condicionamento. O que sucede agora é matéria de aprendizado, atualização e cura.
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