Sua atenção é você

De um modo ou de outro, estamos prestando atenção. Não é algo sem o qual podemos viver. Uma pessoa acorda e imediatamente passa a ter consciência e a prestar atenção ao que lhe aparece, nada menos do que o mundo inteiro.

O mundo, para ela, é aquilo presente na atenção. O que é selecionado pela atenção aparece para ela na forma de uma consciência localizada, um estado de consciência reluzente e fantástico, a aparência atualizada do mundo.

A importância dada à atenção não é nova. Está no centro de muitos treinamentos yóguicos, objeto de teorias e de práticas milenares. O que é recente é a ascensão da atenção como questão contemporânea fundamental.

A atenção está presente na economia do conhecimento, como aquilo que deve ser capturado e dirigido pelas tecnologias de publicidade. Está no centro de vários transtornos psiquiátricos e psicológicos. Tem seu próprio CID (F90.0).

O psicólogo William James acreditava que todos sabem quando prestam atenção. Oferecer ou perder atenção são experiências íntimas, sentidas com o corpo, e potentes o bastante para mobilizar emoções, fantasias e fazer agir a ação na condução da vida.

Essa característica de percepção sentida da atenção faz dela uma experiência existencial. Isso significa que nossas vidas podem melhorar e piorar dependendo dos nossos hábitos atencionais.

Mais e mais pessoas sabem disso e buscam ativamente compreender o funcionamento da atenção com o objetivo de otimizá-la. Ocorre que ao dar atenção à atenção muitas descobriram más notícias e transtornos.

Algumas más notícias estão catalogadas desde a Antiguidade em tratados de treinamento da atenção. Neles podemos ler que a atenção pode sofrer de lassidão e agitação, que pode ser embotada pelo modo narrativo.

Buscando melhorar a qualidade da atenção, há quem opte pela estratégia de refinar a capacidade focal. Mas existe outra dimensão de treinamento: aquilo a que a pessoa presta atenção.

No treino de foco a pessoa busca meios de fortalecer a concentração, uma experiência marcada por estabilidade, clareza e não-conceitualidade. Para prestar atenção ao que alguém está prestando atenção faculdades críticas também devem estar presentes.

Ainda que os dois treinos possam ser conduzidos separadamente, ganham em sinergia quando relacionados. Uma curadoria da atenção implica, portanto, não apenas treinar a atenção, mas os sentidos que informam sua aplicabilidade e valor.

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