Vocês desconfiem um pouco do conceito de liberdade.
Pra começar já não há muita liberdade dentro da mente conceitual. Se a pessoa se fixa em emoções aí é que não tem liberdade mesmo. No caso de autocentramento, chega a ser PIADA falar de liberdade. Isso só no nível da mente.
Desconfiem em quem enche a boca pra falar de LIBERDADE e nunca fala da mente. A liberdade dessa mente é puro ego.
Outra coisa é que liberdade não é um conceito absoluto. Aliás, é da natureza de qualquer conceito não ser absoluto. A gente fala de liberdade justamente porque não há isso de liberdade. Então a gente tenta garantir as poucas liberdades que a duras penas foram conquistadas pela ponta de lança da visão.
Vamos aqui no capitalismo com sua pedra fundamental estacionada no conceito de liberdade. Já nasce extremado. Se a gente dá uma boa olhada nesse conceito no contexto da publicidade é sempre voltado para o eu. Quando muito ao núcleo reduzido de uma família estilizada. No máximo ali num nacionalismo cafona e doentio.
No campo econômico, parece que liberdade é apenas liberdade pra fazer o que bem entender com o planeta, com os povos originários que não partilham dessa visão de mundo distorcida, hedonista e utilitarista. Uma liberdade para inglês ver. Uma pátina, uma bela palavra à frente de uma cultura de saque e exploração dos "recursos" de outros seres, incluindo humanos. Ah mas a liberdade!! Patético. Uma liberdade autocentrada nunca é liberta. Ela é presa. Ela é acorrentada. Ela é uma fantasmagoria.
A sua liberdade termina onde a minha começa, você diz? Que piada! Pois tudo é subjetividade1 e tudo é nebuloso. Sua necessidade de ter um SUV por ano mata, destroi, empobrece seres que você não pode ver. Porque sua liberdade de faz de conta é indiferente. Ela é presa na indiferença, num senso de merecimento. Ridícula pois ridiculamente falsa. Arregaladamente falsa.
Pega essa tua liberdade de destruir nações inteiras com meras transações financeiras cujos reais beneficiários são os muito festejados 1% - o espelho do desejo infantil. O sonho de uma abundância nababesca de filme americano. Muitas liberdades!2 - conquistadas com o opressão e morte de seres invisibilizados. Afinal, a ignorância é pacificadora.
Não me venha falar de liberdade se ela não começar na mente. Não me venha falar de liberdade se ela não se sabe relativa, até mesmo vazia. Não tome meu tempo com conceitos idealistas de liberdade. São lindos e extremos. Você fique com seu veneno.
Venha me falar de liberdade se ela começa na mente: se ela se sabe relativa a tudo, e a todos & todas (rá!), em todos os sentidos, interpenetrante e compassiva. No campo sócio-econômico: venha me falar de liberdades que devem ser ampliadas e outras que devem ser reguladas, pois fundamentalmente enviezadas em sentidos mesquinhos e apequenadores.
1. Fique claro, a afirmação aplica-se ao campo da experiência humana. 2. Isto é, luxos, isto é, acessos.
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