Uma vez nasci numa região árida, repleta de seres mais ou menos inconscientes das qualidades da própria mente. Eu sou um desses seres. Eu sou desses que esquece o que a mente é e sai por aí crendo em delírios absurdos.
Um dia encontrei quem disse para procurar o eu nas sensações. “Essa sensação sou eu?” Depois me pediu para me achar nas percepções. Mas não sabia como notar uma percepção. Muitas instantaneamente eram experimentadas como realidade objetiva. Que infortúnio!
Então esse é o ponto desta contemplação: imputo (rápido, o dicionário!) por costume uma identidade em fenômenos como sensações e percepções. Posso me fundir com ambas e me confundir com elas. E é claro: a confusão frequentemente é cara.
Uma dificuldade para quem se identifica automaticamente com fenômenos é a experiência de oscilação, com altos e baixos que originam fortuitos reconhecimentos de que a mente parece fragmentada, desordenada e instável.
Uma inquirição simples e direta pode ser mais útil. Ao se deparar com uma sensação, por exemplo, investiga-se se há nela - na sensação - uma identidade - algo - que possa ser o referente que a palavra eu rotula. “Essa sensação sou eu?”
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