Circula um estudo sobre meditação que diz que 25% dos praticantes teriam uma experiência ruim meditando.
Faz sentido.
A meditação não é feita para você ter bons momentos de paz entre uma mentalidade neurótica e outra. Você precisa encarar um monte de más notícias.
Erro comum: ver a meditação como algo tranquilo, pacificador, truque psicológico para driblar conteúdos perturbadores. Daí você se levanta da almofada e continua com seu estilo de vida altamente neurótico. Afinal, high stakes! Meditação não é isso.
Quando alguém começa a meditar (sic) via de regra são apenas más notícias. Mas a pessoa não quer más notícias. Isso ela já tem na vida dela. Ela quer apenas se sentir bem. Então alguém vendeu irresponsavelmente que a meditação faz isso. Ela quer niilismo mas a meditação diz: Lave a roupa suja!
A pessoa se frustra. Queria uma meditação que anestesiasse ela, mas é o contrário: ela terá clareza desconcertante de como está presa, condicionada, a mente em frangalhos. Tudo aquilo que é perturbador e ela queria que a meditação botasse para debaixo do tapete vem à tona!
Além disso, se você praticar certas meditações de concentração, eventualmente terá acesso a estados mentais muito diferentes disso que chama de "realidade". Uma pessoa fragilizada, sem suporte adequado, pode acessar uma experiência para ela muito assustadora.
Ou seja, não dá pra sair praticando de qualquer jeito. No melhor dos casos, a pessoa está apenas se enganando. No pior, ela pode adentrar um mente completamente diferente da bolha mental autocentrada na qual vive. Sem suporte teórico adequado, ela pode implodir.
Em resumo, não é que a meditação provocaria experiências ruins, mas sim que a pessoa 1) não entende que meditar não tem nada a ver com roupas brancas, granola e bem-estar; e 2) entrou sem os necessários cuidados para olhar a mente de maneira adequada.
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