top of page

Aproximando "quem?"

  • Foto do escritor: Breno Xis
    Breno Xis
  • 14 de nov. de 2019
  • 2 min de leitura

Um dos temas centrais da meditação como empreitada de intencionalidade científica, isto é, como prática epistemológica, é a identidade. A meditação encontra algo e busca a identidade daquilo.


Estou usando a palavra meditação de modo bem frouxo. Um pouquinho mais de rigor e estaríamos falando de algo como treinamento da mente. A educação, de modo geral, é o método frequente pelo qual fazemos isso: educamos e treinamos a mente.


(Educar a mente facilita a meditação. Vocês sabem por quê?)

No sânscrito há uma palavra similar, "bhavana", que tem mesmo o sentido de cultivo. A mente é vista como um solo fértil de sustentar jardins de aprendizados, ciências, artes, e assim por diante. Visão bastante generosa. Visão de rishis.


Um dos cultivos no treino da mente é a investigação da identidade. A identidade de quem investiga e a identidade daquilo que sucede com quem investiga. De modo geral, buscam-se os referentes de palavras como “eu”, “outro” e “isto”.


Um modo de explicar a importância da investigação ou meditação analítica à identidade é a experiência de sofrimento. Todo mundo sofre e no centro disso deve haver um eu que sofre e que precisa agir para evitar o sofrimento.


Com a psicologia aprendemos que esse eu que sofre subscreve eventuais delírios, sofrimentos francamente imaginários. Vejam Mark Twain: “Sou um homem velho e conheci muitos problemas, mas a maioria nunca aconteceu.”


Como "abstrações" imaginárias e sentimentos desprovidos de eu podem gerar tanto impacto, se, de certa maneira, não têm base? Uma tese é a crença numa identidade. Uma ligeira e crucial imputação. Isso significa, em parte, que essas aparências são percebidas como tendo características.


Da mesma forma, a identidade de quem investiga deve ter características, certo? A mitologia pessoal é um apanhado em narrativa dessas supostas características. Por favor, descreva suas qualidades? Por favor relacione seus defeitos? Características.


Uma dificuldade, chamada “obscurecimento” pela teoria da meditação, é a crença de que essas características existem como sendo de alguém. Ou como se existissem por si mesmas, de modo independente. Em ambos os casos infere-se a crença em um eu, um “si-próprio”.


No caso da experiência de sofrimento esse “si-próprio” é a consciência autocentrada, que os iogacharins chamam de “aflitiva”, pois precária, uma vez que alçada pelo sonho de existência independente, como um “auto”, que dança destacado de todo o resto.


Essa simples crença tão arraigada, de estar separado daquilo que é observado na mente, e os corolários que advêm disso, seria uma mentalidade a ser investigada pela meditação. A educação aqui seria investigar como a mente vem a ser, como "surge" a experiência de consciência e o que é o sujeito que parece se destacar.

Comentarios

Obtuvo 0 de 5 estrellas.
Aún no hay calificaciones

Agrega una calificación
imagem do terapeuta breno xis, idealizador da autocuradoria
Breno Xis

Atendo pessoas interessadas em aplicar métodos clássicos de treino da mente para cultivar clareza, sensibilidade e conhecimento.

 

Saiba mais

 

Assine para saber de atualizações e receber a newsletter quinzenal:

Sucesso na inscrição. Boas vindas.

bottom of page